Prefeitura promove mais uma ação alusiva ao Dia Internacional da Mulher

Encontro discutiu a Violência Doméstica e ouviu relatos de vitimas dessa realidade

A Prefeitura de Campina Grande, por meio da Secretaria de Assistência Social (Semas), através do Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, em Galante, promoveu mais uma ação em alusão ao Dia Internacional da Mulher, comemorado no último dia 08 de março. Com o lema: “Viver a vida a cada momento”, o evento que reuniu mulheres atendidas pela Unidade através dos vários programas, contou com uma programação especial.

Após as boas vindas da coordenadora da Unidade, Cione Nóbrega, a advogada Samara Almeida, que também atua na Semas, trouxe uma palestra com o tema: “Violência Doméstica e Políticas Públicas de Proteção à Mulher”. Uma das convidadas, que não vamos identificar, é a dona de casa e mãe de 9 filhos M.D.L, de 37 anos. Um relato forte e preocupante.

A dona de casa, que vive hoje com o segundo companheiro, teve ao todo, nove filhos: sendo 7 do primeiro relacionamento e 2 do segundo. O mais novo dos filhos tem 2 anos e o mais velho 23 anos. Mas não é a quantidade de filhos que chama a atenção e sim, o histórico de violência doméstica vivido por ela.

“Iniciei o meu primeiro relacionamento aos 13 anos, ficamos juntos 10 anos. Ele usava drogas e bebia muito. Pegava o dinheiro do Bolsa Família (atual Auxilio Brasil), e gastava com drogas. A mãe dele pagava o nosso aluguel e quando dava dinheiro para pagar as contas de água e energia, ele gastava. Chegava em casa e me batia muito, até me ferir. Eu saia pelas ruas para tentar arranjar algum alimento para meus filhos, até que um dia dei um basta, pois ele ia acabar tirando a minha vida”, continuou M.D.L.

“Tentou me esfaquear várias vezes e sempre tentei me defendi. Um dia, resolvi ir morar em outro bairro com os meus filhos pequenos, não informei o endereço. O filho mais velho não quis vir comigo e ficou com o pai. Conheci um outro companheiro, enquanto pedia alimento nas casas. Estamos juntos há 7 anos, temos dois filhos e vivemos bem. O meu ex ainda tentou me matar com um punhal, eu já grávida do meu atual companheiro, e até hoje, ainda recebo ameaças de morte”, contou M.D.L apreensiva.

Ela e o atual companheiro estão desempregados. Diz que “é muito importante ações como essa falando sobre a Violência contra a Mulher, porque só sabe quem passa. Sou grata a Deus por hoje está viva e agradeço muito a toda a equipe do CRAS Galante, por tudo o que eles tem feito por mim, inclusive com ajuda psicológica e doação de alimentos”, concluiu a dona de casa.

Segundo a advogada Samara Almeida, que ministrou a palestra, “Um momento na verdade de reflexão, pois sabemos que a violência contra a mulher está presente na maioria dos lares e em todas as classes sociais, das mais diversas formas. Elas ocorrem muitas vezes de forma sutil, por parte não só do companheiro, mas também por enteados, filho, tio, irmão, nas formas física, psicológica, verbal, moral e patrimonial. É preciso estar atento”, destacou a advogada.

“Muitas de nossas mulheres sofrem diversos tipos de violência, mas se calam. Por isso é importante fazermos o alerta, para que elas sejam encorajadas e denunciem os seus agressores. Um trabalho que inclusive realizamos durante todo o ano através da Semas”, concluiu Cione Nóbrega, coordenadora do CRAS Galante.

No final houve o sorteio de brindes, além de música ao vivo e lanche para os convidados.

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